Ruy Barbosa, senador pela Bahia, tribuno defensor da democracia liberal e das liberdades civis, foi um dos maiores expoentes da advocacia brasileira. Suas reflexões perpassaram a defesa ardorosa das liberdades individuais, o combate ferrenho à escravidão e, no fim da vida, uma sofisticada observação sobre a questão social, em “A Questão Social e Política no Brasil” (1919), ocasião que lançou bases que contribuíram para o aperfeiçoamento dos direitos sociais em nosso país, bem antes de sua incorporação ao arcabouço normativo.
O pioneiro Ruy, patrono dos advogados brasileiros, legou, em sua célebre “Oração aos Moços” (1921):
“Legalidade e liberdade são as tábuas da vocação do advogado. Nelas se encerra, para ele, a síntese de todos os mandamentos. Não desertar a justiça, nem cortejá-la. Não lhe faltar com a fidelidade, nem lhe recusar o conselho. Não transfugir da legalidade para a violência, nem trocar a ordem pela anarquia. Não antepor os poderosos aos desvalidos, nem recusar patrocínio a estes contra aqueles. Não servir sem independência à justiça, nem quebrar da verdade ante o poder. Não colaborar em perseguições ou atentados, nem pleitear pela iniquidade ou imoralidade. Não se subtrair à defesa das causas impopulares, nem à das perigosas, quando justas. Onde for apurável um grão, que seja, de verdadeiro direito, não regatear ao atribulado o consolo do amparo judicial. Não proceder, nas consultas, senão com a imparcialidade real do juiz nas sentenças. Não fazer da banca balcão, ou da ciência mercatura. Não ser baixo com os grandes, nem arrogante com os miseráveis. Servir aos opulentos com altivez e aos indigentes com caridade. Amar a pátria, estremecer o próximo, guardar fé em Deus, na verdade e no
bem.”
Não poderíamos ter patrono mais adequado para o nosso ofício. Ruy Barbosa engrandeceu a advocacia brasileira e a elevou ao prestígio internacional, ao sagrar-se “Águia de Haia” defendendo os interesses do Brasil na Segunda Conferência de Paz, em 1907. Na memória do grande civilista, homenageio a todos os colegas pela nossa data.
Fábio Medina Osório