Depois de iniciar a carreira no Ministério Público, o advogado pontuou o avanço das instituições fiscalizadoras, mas disse que o aumento das denúncias de corrupção, para o advogado, se deve ao crescimento da prática. “A corrupção aumentou muito nos últimos anos, nos governos que estão aí sucessivamente exercendo poder e, portanto, se torna mais visível. As instituições amadureceram não por iniciativa propriamente do governo, mas por um arranjo da sociedade e até por efeitos da própria globalização”, falou.
Para Medina, o problema central da prática corruptiva é seu uso político, que ‘contamina’ instituições e produz efeitos negativos para a sociedade. “Isso, obviamente, gera o alastramento dessa patologia nas instituições. Quando a corrupção fica tão disseminada, obviamente há uma responsabilidade governamental e política por isso. De um lado, a leniência no tratamento do tema. Do outro, o estímulo para financiamento de projetos de poder”, analisou.Sobre o escândalo recente de pagamento de propina na Petrobrás, o advogado destacou a punição de figuras importantes das grandes empresas. “Deve vir uma avalanche de ações contra todas essas personagens. Estamos falando, primeiramente, da instância penal, que pode ensejar prisões, até em caráter definitivo. Além disso, há a possibilidade de uma avalanche de ações de improbidade administrativa, com bloqueio de ativos e eventual suspensão de contratos em curso. Estamos tratando de cenários imprevisíveis que, eventualmente, o Brasil pode até paralisar em função dessa agenda de corrupção”, afirmou.
Questionado quanto à possibilidade de recuperar os recursos perdidos com o chamado ‘petrolão’, Medina crê em perdas definitivas. “Se conseguir recuperar uma boa parte, seria algo saudável. Se conseguir dar uma resposta estatal com prisões, com o endurecimento de fórmulas que façam reduzir a sensação de impunidade no país, seria o melhor. Quando se tem uma corrupção em altos níveis assim, toda a sociedade passa a assimilar uma ideia de que nada vale, de que o império da lei é uma ficção”, disse o advogado.
– Do G1 ES, com informações da TV Gazeta.